text published on the works catalog of the “meu brazil é com s” contest, an initiative of the Instituto Europeo de Design de São Paulo
adoro contar essa do oswald de andrade:
“quando o português chegou ao brasil, debaixo de uma bruta chuva, vestiu o índio. fosse um dia de sol, o índio teria despido o português.”
ser brasileiro é não se entender direito com o espelho. somos um pouco uma mistura de tudo: da jaca à framboesa, do rock ao samba, do miserável ao milionário, da amélia (“mulher de verdade, sem vaidade”) à leila diniz (ousada, original, fêmea).
ser brasileiro é ter orgulho e vergonha, ao mesmo tempo. nossa natureza é maravilhosa (como dizia lina bo bardi, aqui “as pedras preciosas brotam do chão”), mas a nossa gente não vai bem. só as nossas mulheres e o nosso futebol é que são intocáveis; os melhores do mundo, é claro.
temos complexo de inferioridade. gostaríamos de ser mais “civilizados”, impecáveis, vistosos e com isso às vezes deixamos de apreciar o que está ao nosso lado (e que a muitos encanta, tira o fôlego), querendo ser o que não somos.
muitos jovens designers nos mostraram aqui o lado triste do “meu brasil é com s”, talvez para deixar claro que não compactuam com as injustiças, com a violência. precisamos usar da nossa imaginação, talento, boa vontade e muito esforço, acreditando que a vida pode ficar bem melhor para todos.
o nosso design, com sua identidade tão rica e diversificada, tem também o papel de transformar as coisas para que um dia sejamos integralmente orgulhosos de sermos brasileiros.
aquele abraço!
Ruth Klotzel