Sobre timbira
(1998)
O Centro de Trabalho Indigenista (CTI) estava atualizando seu material didático para o programa de ensino nas escolas das aldeias dos índios Timbira, que até então era produzido à mão, porque deveria ser escrito em letra cursiva, já que era dirigido a alunos na fase inicial de alfabetização, para depois ser reproduzido, impresso.
Pesquisamos fontes tipográficas até encontrarmos a Memima, mais próxima da letra cursiva de professoras primárias, porém com alguns caracteres que tiveram que ser modificados. As cartilhas deveriam se comportar como cadernos, ter formato e papel adequados e um custo baixo.
Escolhemos trabalhar com duas cores, preto e mais uma, diferente para cada cartilha, de modo a identificá-las e, reduzindo o número de cores, barateá-las.
O papel utilizado foi o alta alvura, papel do tipo sulfite, que recebe bem tanto grafite quanto caneta e a capa foi espiralada e plastificada, de modo a ter mais durabilidade: na aldeia, os cadernos estão mais sujeitos a ficar sujos e molhados.
O trabalho de editoração dessas cartilhas foi muito atípico: tivemos dificuldades com acentuação, por exemplo, já que algumas palavras eram utilizadas na língua dos Timbira e possuiam combinações de acentos que não existem para as fontes tipográficas: til sobre a letra “i” e a letra “e”, por exemplo.
A concepção visual das cartilhas foi feita por Sonia Lorenz, arquiteta que trabalha em projetos visuais, que além de ter morado muito tempo entre os índios Maués, é consultora na área de antropologia. Foi ela quem escolheu as imagens das cartilhas. Para as de português foram utilizadas gravuras a traço, em alto contraste, enquanto que nas de matemática foram utilizados desenhos dos próprios índios, fornecidos pelo CTI. Todos os exercícios que envolvem contagem, noções de conjunto, usam figuras de objetos conhecidos na aldeia e desenhados por eles.
cartilhas para ensino nas aldeias Timbira
projeto gráfico Ruth Klotzel
caracteres tipográficos redesenhados Ricardo Frochtengarten
editoração Ana Paula Leone | Mariana Cotrim
produção gráfica Rogério Nicolau